Reforma Tributária: um novo pacto que exige preparo e valorização do Fisco
Por Juracy Soares
A Reforma Tributária aprovada no Congresso Nacional representa um marco histórico e uma promessa de modernização para o sistema tributário brasileiro. Trata-se de uma transformação que visa simplificar tributos, reduzir litígios e fomentar o desenvolvimento do país por meio de um modelo mais transparente, eficiente e justo. No entanto, sua efetividade dependerá diretamente da capacidade de adaptação e resposta dos Fiscos de todo o Brasil.
Essa nova fase exige mais do que boa vontade política: requer mudanças estruturais profundas nas Administrações Tributárias. O investimento na modernização dos sistemas de arrecadação, fiscalização, controle e repasse – com integração de dados, interoperabilidade entre entes federativos e ferramentas que assegurem agilidade e confiabilidade à nova lógica de arrecadação – é imprescindível, e apenas o primeiro passo. É hora de virar a chave.
A Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz-CE) é nacionalmente reconhecida por seu protagonismo, inovação e comprometimento com as finanças públicas, mas, para nós, os desafios não são menores. Ao contrário: por ser referência, espera-se que lideremos essa transição com solidez técnica e visão estratégica.
Essa nova fase – que já começou, estamos há 6 meses de 2026 – exigirá investimentos em tecnologia, revisão de fluxos internos, capacitação de servidores e integração entre as diversas unidades fazendárias. O novo modelo de arrecadação demanda inteligência fiscal ativa e decisões rápidas e bem embasadas — o que só será possível com sistemas robustos e atualizados. Contudo, como em qualquer transformação institucional, nenhuma tecnologia, por mais avançada, funcionará sem pessoas capacitadas, valorizadas e bem preparadas para operá-las e interpretá-las.
Por isso, o capital humano deve estar no centro dessa revolução. São os servidores fazendários que darão concretude ao novo sistema, atuando na ponta com inteligência, orientação ao contribuinte e combate à sonegação.
Nesse quesito, estamos alguns passos atrás da maioria dos Fiscos do País, porque, para garantir que tenhamos as condições adequadas de atuação, é urgente a aprovação de uma Lei Orgânica da Administração Fazendária do Estado do Ceará.
Como Carreira Típica de Estado, a Constituição Federal assegura não apenas prerrogativas funcionais, mas também a valorização da carreira e a autonomia institucional necessárias para que o Fisco cumpra plenamente sua função.
Essa Lei Orgânica não é um privilégio: é um instrumento de fortalecimento da cidadania, pois garante que a arrecadação e o controle dos recursos públicos sejam exercidos por um corpo técnico estável, imparcial e orientado por critérios de mérito e compromisso com o interesse público.
A Auditece reafirma seu compromisso com essa agenda. Estaremos prontos para contribuir com propostas, análises e, sobretudo, com o trabalho técnico que nos é característico.
A Reforma Tributária não será bem-sucedida se for apenas normativa; ela precisa ser acompanhada de uma reestruturação administrativa séria, onde tecnologia e pessoas caminhem juntas na construção de um novo modelo de gestão tributária a serviço da sociedade cearense e do Brasil.
*Juracy Soares é Diretor Executivo da Auditece